VATICANO, 19 de fev de 2008 às 11:58
Durante uma audiência concedida ao Conselho para as Relações entre a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, e as Uniões Internacionais de Superiores e Superioras Gerais realizada na segunda-feira, o Papa Bento XVI fez um chamado a renovar a Vida Consagrada na Igreja "recomeçando desde Cristo".
Segundo um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, antes de lhes dirigir umas palavras, o Pontífice teve uma conversação com os superiores e superioras da qual participaram também o Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de estado, e o Cardeal Franc Rodé, Prefeito do Dicastério encarregado da Vida Consagrada.
Na conversação, segundo o comunicado "se destacaram os elementos positivos e as dificuldades, as expectativas e os desafios que as Famílias religiosas encontram em seu testemunho evangélico. O "fraterno e amplo diálogo" resultou "fecundo", adiciona o comunicado.
Concluído o colóquio, o Santo Padre agradeceu a jornada de trabalho "em que pudemos analisar juntos as potencialidades e as expectativas, as esperanças e dificuldades que enfrentam hoje os Institutos de Vida Consagrada".
"Todos advertimos – prosseguiu- como na sociedade moderna globalizada resulta cada vez mais difícil testemunhar o Evangelho. Se isto for verdade para todos os batizados, com maior razão ainda é certo para as pessoas às que Jesus chama a seguí-lo de maneira mais radical através da consagração religiosa".
"O processo de secularização que avança na cultura contemporânea não se freia nem sequer diante das comunidades religiosas", adicionou.
O Papa advertiu contra a tentação de deixar-se levar pelo desalento, porque "o Espírito Santo sopra poderosamente em todo lugar na Igreja suscitando um novo compromisso de fidelidade nos Institutos históricos e junto a novas formas de consagração religiosa em consonância com as exigências dos tempos".
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Bento XVI assinalou que "o que distingue a estas novas experiências de Vida Consagrada é o desejo comum, compartilhado com pronta adesão, de pobreza evangélica praticada de modo radical, de amor fiel à Igreja, de generosa dedicação ao próximo necessitado, com especial atenção por aquelas pobrezas espirituais que caracterizam de maneira marcada a época contemporânea".
O Papa lembrou logo a existência "de uma forte necessidade religiosa e espiritual" dos homens de hoje; mas que "estão dispostos a escutar e seguir só a quem testemunha com coerência a adesão pessoal a Cristo".
A respeito, o Santo Padre notou que precisamente "são ricos de vocações aqueles institutos que conservaram ou escolheram um modo de vida, freqüentemente muito austero, e portanto fiel ao Evangelho vivido 'sine glossa'"; e assinalou como exemplo "ao trabalho missões de muitos grupos e movimentos eclesiásticos dos que surgem não poucas vocações sacerdotais e religiosas".
"Penso nas moças e os jovens que abandonam tudo para ingressar em monastérios e conventos de clausura", demarcou.
Referindo-se logo às ordens e congregações de longa tradição na Igreja, o Santo Padre destacou que "como os senhores sublinharam, nos últimos decênios atravessaram quase todos uma difícil crise devido ao envelhecimento de seus membros, a uma mais ou menos acentuada diminuição das vocações, e em ocasiões uma certa 'fadiga' espiritual e carismática. Esta crise, em certos casos, se tornou motivo de preocupação".
O Papa destacou entretanto que um tema recorrente em quase todos as capítulos gerais destas congregações "foi o de retornar às origens", redescobrindo "o carisma institucional para encarná-lo e atuá-lo de maneira renovada no presente". Este processo, assinalou o Pontífice "ajudou a imprimir um prometedor novo impulso ascético, apostólico e missionário".
O Papa concluiu assinalando que, ingressando no terceiro milênio, é necessário recordar as palavras do Papa João Paulo II que chama a "recomeçar desde Cristo". "Sim! Também os Institutos de Vida Consagrada se querem manter ou reencontrar sua vitalidade e eficácia apostólica, devem continuamente 'recomeçar desde Cristo'", concluiu.